Walter Longo, sócio-diretor na Unimark Comunicação Longo

Uma das grandes tendências do marketing e da comunicação é integrar-se cada vez mais à indústria da educação. Quando se fala de causa e propósito, há uma diferença fundamental entre falar e fazer. E as empresas estão finalmente entendendo que seu esforço publicitário e busca de diferenciação posicional podem se transformar em resultados efetivos ao investir na tendência do L3 – LifeLong Learning que apresenta uma enorme expansão potencial.

Graças à chegada da tecnologia de plataformas que permitiu o desenvolvimento exponencial do EAD e a necessidade de todos nós de estarmos estudando o tempo todo, a vida inteira, abre-se uma enorme oportunidade de união entre os esforços de comunicação das empresas e o investimento em projetos de educação continuada.

Até pouco tempo, nossa vida estava dividida em quatro fases estanques e distintas. A infância, era dedicada a brincar; a juventude, a estudar; a fase adulta, a trabalhar; e a senioridade era a quarta fase, dedicada a descansar. Esse mundo não existe mais. Hoje é tudo junto e misturado. Estudamos, trabalhamos, brincamos e descansamos independentemente do local, período ou fase da vida. Pessoas que decidiram um caminho profissional aos 20 anos estão se reinventando e iniciando uma nova carreira aos 40 e outra, ainda, aos 60. E isso abre imensas oportunidades para marcas de qualquer segmento que queiram se posicionar e, ao mesmo tempo, contribuir efetivamente com a sociedade.

O LifeLong Learning nada mais é que a busca contínua, voluntária e automotivada pela atualização do conhecimento. E se caracteriza por um aprendizado que é flexível, diverso e disponível em diferentes tempos e lugares. Em resumo, baseia-se no engajamento das pessoas, um conceito cada vez mais fundamental para criar fidelidade e preferência por marcas e produtos.

E é nesse caminho do casamento entre o propósito genuíno e o posicionamento mercadológico que o universo do marketing e da educação estão se integrando cada vez mais. É aí que entra o ADucation, a simbiose entre o poder do advertising e o propósito do education. Assim, cabe a uma indústria de bebidas lançar um curso grátis de “fundamentos de gestão para bares e restaurantes”, enquanto um banco passa a oferecer aulas de “finanças para executivos fora da área financeira”. Uma marca de café deveria apresentar ao mercado um curso de “barista amador” para todos os apreciadores dessa infusão, enquanto uma vinícola daria um curso completo de “harmonizações criativas” para todos os seus clientes e apreciadores de vinhos em geral. Empresas de tecnologia podem apresentar programas de treinamento em “otimização de redes sociais” e outras de produtos esportivos oferecerem aulas online de “iniciação ao golfe”. Nesse caminho, caso o posicionamento ou propósito de uma empresa seja defender a ecologia e consumo consciente, cabe a ela apresentar, a quem se interessar, uma formação técnica em “consciência ecológica e o futuro do planeta”.

As possibilidades são infinitas, o custo muito baixo e a contribuição à sociedade é garantida. Em resumo, chegou a hora de expressar o propósito das organizações indo muito além do slogan ou peça de campanha. Se isso já é verdade e tendência irreversível em países de primeiro mundo, imagine em regiões como a nossa com um déficit educacional pandêmico e um ensino formal defasado em relação à realidade atual. Segundo John Taylor Gatto, educador americano, as pessoas só aprendem o que querem aprender. Por isso, não existe ensinar, só existe aprender de fato. E é no LifeLong Learning que isso se torna mais viável.

Estamos numa era onde os resultados de comunicação sobem pela escada e os custos pelo elevador. Um momento em que o marketing precisa fazer cada vez mais esforços para garantir os mesmos resultados. A causa principal disso é que o foco está cada vez mais pulverizado, multiforme, multitela e multilinguagem. E em que a atenção e o engajamento são matérias cada vez mais escassas em marketing.

A verdade é que saímos de nossas torres de marfim, e caímos todos nessa nova Torre de Babel. Como consequência disso, o propósito cresceu em relevância na comunicação de marcas e produtos. E só um propósito legítimo e implementado tem essa capacidade. É exatamente aí que surge em toda sua força potencial o ADucation, que é todo esforço de marketing multiplataforma que tem como objetivo oferecer, motivar e engajar pessoas em causas significativas, através da disseminação de conteúdo cultural, educativo e informativo. O objetivo não é apenas gerar identidade com as causas da empresa, mas também conscientizar a população sobre a importância delas.

De acordo com o Experiential Marketing Content Report, 72% dos consumidores têm uma visão positiva de marcas que tragam conhecimento e informação para eles. E 74% dos pesquisados admitem se engajar mais com as marcas que produzem experiências de conteúdo memorável, com consequente tendência à preferência.

As técnicas de ADucation e suas infinitas possibilidades têm como principais características tangibilizar propósitos, promover movimentos, contribuir com a sociedade, gerar engajamento e refletir a liderança da marca que está por trás desse esforço. Por isso tudo, o casamento entre a publicidade e a educação é um caminho irreversível. E muito em breve vamos olhar para trás e não entender como o advertising e o education ainda não haviam se transformado em ADucation.

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